Faz um pouco mais de 45 dias
que comecei a trabalhar em uma
nova empresa no centro da minha
cidade. Logo no primeiro dia de
trabalho, na hora do intervalo
quando fui sentar próximo a
rua eu reparei em um rapaz da
empresa vizinha. O cara era lindo.
Moreno de olhos verdes, bem
expressivos, nariz fino, cabelo
curto, tipo degradê, tatuagens
fechando todo o braço esquerdo.
Corpo de quem se cuida, mas nada
muito exagerado, uma bunda bem
servida, redondinha, um pouquinho
mais baixo que eu que tenho 1,82
de altura. Enfim, ele já era um
ótimo motivo pelo qual eu passei
a ir todos os dias sentar em frente
a empresa, só pra ficar olhando.
Um dia, quando eu sentei vi ele
saindo meio suado do trabalho,
pegou a ponta da camiseta para
secar o rosto mostrando a barriga
trincadinha com pelos muito
bem espalhados e o caminho da
felicidade que chamava atenção.
Como sou gay assumido, não
afeminado, não fingi costume e
sequei com gosto. Não sei se ele
reparou, mas ele me viu olhando.
Ao longo dos dias, quase sempre
enquanto eu estava no intervalo
ele também estava, e eu nunca
economizei olhares. Certo dia, na
saída do expediente reparei nele
me olhando também. Não sou
grandes coisa, mas também não
sou de se jogar fora. Sou branco,
com 1,82 de altura e 73kgs bem
distribuídos. Meu corpo ainda
guarda traços de quando eu fiz
academia, principalmente da
cintura para baixo onde está o meu
orgulho: minha bunda. Cansei de
matar treino de braços, peitoral
e abdominal para fazer pernas e
bunda, então disso posso dizer que
sou bem servido. E um dia pareceu
que ele também havia notado ela.
Acabou se tornando um costume
ficar naquele mesmo lugar olhando
pro outro lado da rua e na saída
sempre esperava ver ele pra poder
sair. Com o passar do tempo
percebi que ele ia perdendo o
pudor de me olhar. Uma vez eu
saí um pouco mais tarde e não o
vi na frente do trabalho, segui a
rua a caminho do ponto e acabei
passando por ele, dessa vez mais
de perto. Não era raro eu dar uma
empinada, para valorizar mais, mas
dessa vez quando estava passando
por ele resolvi provocar um pouco
mais. Estava de calça jeans que
sempre ficava meio colada, quando
estava bem em frente dele ajeitei
a calça puxando-a pra cima. Um
pouco mais a frente resolvi ser
ainda mais ousado, fiz cara de
safado e olhei para trás direto
pro rosto dele e ele estava como
imaginei, com os olhos fixos na
minha bunda. Quando viu que eu
virei, ele olhou bem nos meus olhos
e abriu um sorriso: e que sorriso
lindo.
Não fazia ideia do que passava
naquela cabeça. Ele poderia ter
achado graça no viado oferecido,
mas algo naquele sorriso me dizia
que ele gostava do que via.
Eis que em um dia de chuva saí
lá para frente e ele não estava,
provavelmente porque não tem
uma área coberta na empresa dele,
mas após alguns minutinhos ele
apareceu com um cigarro apagado
na boca. Para não ficar na chuva,
atravessou a rua para se abrigar na
mesma marquise que eu. Quando
chegou, começou a apalpar os
bolsos procurando algo. Concluí
que ele procurava o isqueiro
quando ele me perguntou
– Por acaso você tem fogo?
Eu já não tinha a mínima vergonha
na cara em relação ao flerte, então
abri meu melhor sorriso como
resposta, mas me fiz de sonso:
— Oi?
– Isqueiro, você tem?
– Não, desculpa. Não fumo.
– Putz, devo ter deixado lá. E voltou
buscar.
Uns 2 minutos depois ele volta
– Achei. Tava na mochila.
– Bom que não perdeu né.
– É… Mas então você tem fogo?
Em fração de segundos eu pensei
em 1000 possibilidades do que ele
queria saber com essa pergunta,
mas concluí rápido: sim, era uma
cantada. Voltei com aquele sorriso,
agora mais safado.
– Até demais, talvez. Disse rindo.
– Eu percebi.
– E esses anéis todos no dedo?
Não falei, mas gosto de bijuterias
como anéis, brincos, pulseiras.
Nada muito chamativo, parece até
coisa de hétero descolado mesmo.
– Ah, besteira. Nenhuma aliança.
– Legal. Você é solteiro então?
– Sou sim. E você?
– Ah, nada sério.
Confesso que dei uma murchada
nessa hora. Porque todo homem
gostoso tem que ter um rolo? Acho
que ele percebeu minha decepção
porque logo completou:
– Nada que me impeça de nada.7
– Huum.
E do nada já era hora de voltar. Me
despedi todo sem jeito e voltei para
dentro, mas não sem antes dar
uma ajeitada na calça e olhar para
trás pra ver se ele tava olhando, e
não deu outra. Só que dessa vez o
sorriso dele não deu margem pra
dúvida: ele queria.
No outro dia eu tava rezando
pra amanhecer chovendo, mas
São Pedro não quis me ouvir.
Amanheceu com tempo firme. Foi
uma manhã cheia e estressante,
mas eu não via a hora do intervalo
pra ver a cena do capítulo do dia
e quando deu 10 pra meio dia eu
já me antecipei e fui esquentar
minha marmita. Comi o mais rápido
que dava e fui pro meu cantinho.
Chegando eu já me surpreendi,
mesmo com tempo bom ele tava lá.
– Ooi – já comprimentei.
– Opa, e aí? Tudo bem?
– Tudo certo e contigo?
– Bem também.
– Cara, a gente trocou ideia ontem
mas nem sei seu nome né?
– Eu seio seu, Thiago.
– Ué, como… Aí lembrei do meu
crachá.
– Seu crachá. – e riu – Não sou tão
stalker assim.
– À é né… Já me assustei.
– Fica tranquilo. Meu nome é Jonas.
Heim… Você sabia que tem um
parque alí pra baixo?
– Ah, sei sim. A galera vai lá direto.
– Então, topa ir ali trocar uma ideia?
Da pra sentar e tal.
– Bora, tenho tempo hoje, saí cedo.
– e já fui rumando na direção
– Não pô, vamos de carro.
Na hora eu pensei, ele vai querer
algo no carro mesmo. Mas eu
ODEIO qualquer coisa no carro. A
gente fica todo desajeitado, sem
falar no movimento alí pelo centro
da cidade, mas não ia negar né.
E assim fomos. Ele tinha um gol
preto. Destrancou as portas,
entramos e arrancamos. Nem 2
minutos depois ele quebrou o
silêncio
– Cara, vou ser sincero com você:
n verdade queria te levar noutro
lugar.
– Que lugar? É longe? Tenho hora
pra voltar.
– Não não, da tempo de fazer e
voltar tranquilo.